
Em entrevista à jornalista Renata Lo Prete, da Globonews,
exibida na noite de ontem (11), a presidente Dilma Rousseff discordou do
diagnóstico feito pelo ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da
Presidência da República) de que a insatisfação com o governo, expressa nos
xingamentos dirigidos a ela na abertura da Copa, no Itaquerão, atingiu camadas
mais pobres da população.
A presidente afirmou que quem compareceu nos estádios foi
predominantemente "a elite branca" que pôde pagar os preços cobrados
pela Fifa.
"O ministro Gilberto (Carvalho) disse que essa questão
da chamada elite branca, que não fomos nós que inventamos o nome, ela tinha
vazado para alguns segmentos. É opinião dele. Não há porque falar que não, é um
absurdo, mas quem compareceu aos estádios, não podemos deixar de considerar,
foi predominantemente quem tinha poder aquisitivo para pagar o preço dos
ingressos da Fifa, e aí predominantemente uma elite branca. Em alguns casos
devia ter 90 (%), em outros 80 (%), 75 (%), mas era dominantemente elite
branca", afirmou Dilma.
Em um bate-papo com blogueiros transmitido ao vivo, logo
após Dilma ser hostilizada no Itaquerão, Gilberto afirmou que as denúncias
feitas pela imprensa sobre aparelhamento do governo e a suposta leniência do PT
com casos de corrupção tiveram impacto não só na elite, mas também nas classes
mais baixas.
"Não fizemos o debate na mídia para valer. Passamos
esse tempo todo com uma pancadaria diária que deu resultado. Essa pancadaria
diária é o que resultou no palavrão para a presidente Dilma lá no Itaquerão. E
me permitam pessoal! Lá no Itaquerão não tinha só elite branca não! Eu fui para
o jogo, não no estádio, fiquei ali pertinho numa escola, para acompanhar os
movimentos. Eu fui e voltei de metrô. Não tinha só elite no metrô não! Tinha
muito moleque gritando palavrão dentro do metrô que não tinha nada a ver com
elite branca", afirmou o ministro.
Na entrevista de ontem, ao ser questionada se enfrenta
dificuldade em combater a corrupção e de escolher aliados comprometidos com a
honestidade, Dilma defendeu o PT, afirmando que seu partido não pode ser
tratado como “o que criou a corrupção no Brasil”. A jornalista Renata Lo Prete
citou o caso do deputado André Vargas (sem partido-PR), que deixou o PT após
ser acusado de viajar em um jatinho pago pelo doleiro Alberto Youssef,
investigado pela Polícia Federal. Vargas também é acusado de defender
interesses de Youssef no Ministério da Saúde.
globo_dilma_370"É certo que nenhum partido está acima
de qualquer suspeita. O PT contribuiu muito, com muito avanço, para a
democracia no Brasil, para a questão da redução da desigualdade e para a
redução da pobreza, o Bolsa Família e todas as obras que a gente fez. Agora o
PT também tem, você citou um caso (André Vargas), temos que apurar, não podemos
compactuar com isso. Isso é uma coisa, mas o que serve para o PT tem que servir
par todos os partidos. O que não é possível é só tratar o PT como o que criou a
corrupção no Brasil", comentou Dilma.
A presidente não quis comentar, no entanto, o julgamento do
mensalão feita pelo Supremo Tribunal Federal (STF):
"Eu tenho uma situação específica: sou presidente da
República. A base da democracia é o respeito entre os Poderes. Jamais irei me
manifestar como presidente da República quanto a uma decisão do Judiciário.
Como eu acato quando perco uma decisão no Congresso. Posso não gostar, é minha
lei que não está sendo aprovada, mas eu não tenho que discutir isso. Como
cidadã eu posso ter minha opinião, mas não posso, no exercício da presidência,
divergia ou concordar com nenhum ato do Judiciário ou do Legislativo",
disse.
Ao defender a realização de uma reforma política, Dilma fez referência,
de forma indireta, ao caso do ex-governador José Roberto Arruda (DF). Mesmo
condenado em segunda instância, na última quarta-feira, por improbidade
administrativa, ele tentará voltar ao governo local nas eleições deste ano.
Isso porque a decisão da 2ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito
Federal ocorreu depois do registro da candidatura.
"Temos que avançar na ética, no controle do gasto, na
responsabilização de pessoas. Não é possível uma situação que uma pessoa que
tem ficha limpa ou ficha suja e um dia de diferença permite ou garante que a
pessoa concorra", falou a presidente.
Questionada se estava se referindo a Arruda, ela disse que
esse não é o único caso:
"Eu me refiro a todos os casos de ficha limpa ou de
ficha suja, porque o dele não é o único, temos isso em várias instâncias. Temos
que mudar radicalmente as condições das práticas eleitorais", disse Dilma
Rousseff.
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