
Medicamento que está sendo desenvolvido por laboratório de San Diego apresenta resultados positivos em pacientes nos EUA
Madrid (AE) - A Espanha importou dos Estados Unidos um
medicamento experimental contra o ebola para tratar o missionário espanhol
Miguel Pajares, que estava na Libéria em uma missão para cuidar de pacientes
com a doença e foi retirado do país após ser diagnosticado. O Ministério da
Saúde espanhol informou ontem que a droga ZMapp, produzida pela Mapp
Biopharmaceutical Inc., de San Diego, foi trazida de Genebra para Madrid.
Pajares está internado em uma ala isolada do Hospital Carlos
III, na cidade espanhola. Segundo autoridades do país, a Espanha conseguiu
permissão do laboratório responsável para usar o medicamento e, com ajuda da
Organização Mundial da Saúde (OMS) e dos Médicos sem Fronteiras, importou o
Zmapp. O ministério afirmou que o uso da droga respeita a legislação, que
permite a dosagem de medicamentos ainda não testados em pacientes com doenças
mortais que não possam ser tratadas com outros métodos.
Apesar da declaração do ministério espanhol, o porta-voz da
OMS, Gregory Hartl, disse que a organização não ajudou a Espanha a importar a
droga.
Ainda não existem tratamentos licenciados contra o ebola,
que matou mais de mil pessoas desde o início da propagação da epidemia no Oeste
da África. A OMS chamou este surto - que começou em Guiné, em março, e já se
espalhou por Libéria, Serra Leoa e, possivelmente, a Nigéria - de uma
emergência de saúde internacional.
Ontem, durante teleconferência organizada pela Organização
das Nações Unidas (ONU), especialistas em ética médica e outros peritos
discutiam as questões morais envolvendo as drogas e vacinas experimentais
contra o ebola. Dois norte-americanos diagnosticados com a doença na Libéria e
retirados para os EUA receberam doses da droga ZMapp. Um deles, o doutor Kent
Brantly, disse na semana passada que suas condições de saúde estavam melhorando
gradativamente.
O uso do medicamento para tratar pacientes norte-americanos
suscitou críticas reclamando que a droga não estava disponível para os doentes
africanos. Na semana passada, o ministro da Saúde da Nigéria, Onyenbuchi
Chukwu, disse ter questionado a oficiais dos EUA sobre como ter acesso à Zmapp,
mas foi informado que a fabricante teria que concordar em enviar doses ao país.
O diretor do Centro norte-americano para Controle e Prevenção de Doenças, Tom
Frieden, afirmou que “não há virtualmente nenhuma dose disponível”. Isso foi na
semana passada, antes da Espanha informar que teria importado a droga.
Enquanto isso, autoridades de Saúde nigerianas confirmaram
mais um caso de ebola, na manhã de ontem. Com essa paciente, já chegam a 10 o
número de casos da doença no país. A Organização Mundial da Saúde, no entanto,
ainda não confirmou os casos na Nigéria.
Europa aumenta ações preventivas
Paris (AE) - Apesar do baixo risco de que uma epidemia de
Ebola chegue à Europa, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os maiores
países do continente estão preparando suas estruturas de saúde pública para a
eventualidade. O Ministério da Saúde da França confirmou ontem ter ordenado que
nove hospitais do país criem centros de acolhimento de emergência de potenciais
pacientes. No Reino Unido, há suspeitos em “quarentena voluntária”.
Os hospitais mobilizados na França estão nas cidades de
Paris, Lille, Rennes, Bordeaux, Estrasburgo, Marselha e Lyon, além de uma base
das Forças Armadas na cidade de Saint-Mandé. A informação, até então mantida
sob sigilo, foi revelada pelo jornal Le Parisien. De acordo com nota do Ministério
da Saúde, o risco de importação do vírus é baixo, mas não pode ser excluído.
“Diante do caráter virulento dessa doença uma vigilância excepcional se impõe”,
justificou a autoridade sanitária.
Todos os hospitais disporão de um serviço de doenças
infecciosas, de uma central de reanimação com quartos isolados, de um
laboratório preparado para garantir o confinamento do vírus e também de
helipontos para o transporte de passageiros. As medidas foram tomadas sem que
nenhum paciente infectado pelo vírus tenha sido identificado na Europa, além do
padre Miguel Pajares, internado em Madri em estado estável após ter sofrido o
contágio na Libéria.
O governo do Reino Unido, porém, confirmou na semana passada
ter “várias pessoas” em “quarentena voluntária”, suspeitos de terem entrado em
contato com o vírus na África. Um paciente vem sendo “monitorado de perto” em
Cardiff, no País de Gales. “Há outras pessoas no Reino Unido que voltaram de
países infectados e que estiveram em risco”, afirmou Anna Humphries, porta-voz
do Ministério da Saúde do País de Gales.
Em Londres, uma unidade, o Royal Free Hospital, foi
preparado para a eventualidade de infecções em solo britânico. Como medida
preventiva, a companhia aérea British Airways cancelou voos para Serra Leoa e
para a Libéria.
Na sexta-feira a União Europeia elevou para 11,9 milhões de
euros os recursos doados à OMS e a organizações não-governamentais como Médicos
Sem Fronteiras (MSF), Cruz Vermelha e Crescente Vermelho, que atuam na região.
A preocupação na Europa cresceu depois que a OMS decretou o Ebola como
“urgência de saúde pública mundial” na semana passada.
Uma das iniciativas é instalar, provavelmente em Serra Leoa,
um laboratório de análises clínicas especializado no vírus da doença. “Salvar
vidas e fornecer mais assistência à África Ocidental é mais do que nunca uma
prioridade urgente”, justificou o comissário europeu de Desenvolvimento, Andris
Piebalgs.
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